Maio Amarelo: Mais de 50% dos acidentes atendidos pelo Siate envolvem motociclistas em Cascavel
"Tomar cuidado com a ação do outro ajuda a perceber o risco e proteger a vida"...
Mais de 50% dos acidentes atendidos pelo Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) em Cascavel envolvem motociclistas. O alerta é do médico André Schier, que atua no serviço e que nesta quarta-feira (6) é o personagem das ações digitais do Maio Amarelo, chamando atenção para a necessidade de se investir na direção defensiva, em todos os modais de trânsito.
Schier lembra que a geografia de Cascavel, com avenidas largas, ruas asfaltadas e diversos cruzamentos, é propícia para acidentes, principalmente quando não se está atento à ação do outro. “E o que temos atendido são acidentes graves, que quando não são fatais, são de morbidade elevada, que muitas vezes deixam sequelas para a vida toda, principalmente envolvendo fratura de membros inferiores com recuperação lenta, por meses ou anos - afetando o tempo de trabalho - ou ainda lesões cerebrais, comprometendo a qualidade de vida da vítima”.
De acordo com a estatística do 4º Grupamento de Bombeiros, de janeiro a abril de 2019 foram atendidos 932 acidentes em todo o perímetro do Município (urbano e rodovias). Desses, 54% envolveram motos; dentre as 1.060 vítimas, 573 foram motociclistas, com três óbitos. Este ano, a estatística baixou em número de acidentes, mas cresceu em mortes. Dos 886 acidentes, 51% envolvem motos, sendo que das 1.016 vítimas, 518 foram motociclistas (oito óbitos).
O médico chama a atenção para três aspectos que precisam ser observados pelos motociclistas nas vias: a direção defensiva, que vem ao encontro justamente do tema deste ano do Maio Amarelo, que está sendo realizado de forma digital para alcançar o público e conscientizar para a necessidade de “Perceber o risco e proteger a vida”.
“Falamos de cuidar com aquilo que o outro pode fazer e que não estamos esperando. Ao tomar cuidado com o outro, estamos nos protegendo também”, lembra Schier, reforçando que o motociclista muitas vezes não se dá conta de que o outro veículo cruza a via e segue junto, o que provoca colisões violentas.
“É importante frisar também que o motociclista deve redobrar a atenção em dias chuvosos, quando há imediato aumento de quedas de moto; e chamar atenção para os horários de pico, pois com aumento de veículos nas ruas, automaticamente há aumento de colisões. O que queremos é chamar atenção para que os condutores percebam o risco e protejam a vida”, conclui André Schier.
Nem sempre o motociclista é o causador
A vulnerabilidade do motociclista é maior no trânsito devido à falta de proteção do veículo, segundo explica a educadora de trânsito da Cettrans/Transitar, Luciane de Moura. “Sem a carcaça de proteção ou o cinto de segurança, o condutor fica exposto numa colisão, por isso reforçamos que é importante o uso correto dos equipamentos de segurança pessoal, como o capacete e a vestimenta adequada que servem de barreira de proteção, além da motocicleta sempre ser mantida em bom estado de conservação”, detalha.
Luciane reforça que a atenção constante tem de ser tanto do motociclista como dos demais condutores, uma vez que nem sempre o causador do acidente é o motociclista. Muitas vezes, o “ponto cego” do veículo impede a visibilidade de um pedestre, de uma moto ou de uma bicicleta, por isso a importância de perceber o risco e manter atenção redobrada nos cruzamentos.
“A prudência é sempre a melhor opção. Na dúvida, deve-se olhar uma vez mais antes de acelerar. Por isso reforçamos em todos os modais, que os condutores e os usuários da via apliquem o respeito e a empatia para que juntos façamos um trânsito cada dia mais humanizado e, assim, possamos comemorar a vida e nos lamentar óbitos”, finaliza Luciane.