Medo e adaptação: a importância do apoio aos pacientes ostomizados
O CEONC Hospital do Câncer oferece auxílio especial aos pacientes que passaram pela ostomia, fornecendo maior qualidade de vida, autoestima e informações sobre o procedimento...
Problemas com relacionamentos, medo da socialização e dificuldades de adaptação. Esses são alguns dos obstáculos enfrentados pelos pacientes ostomizados, que passaram por cirurgias para criar uma abertura de comunicação entre a parte interna e externa do corpo para auxílio da respiração, alimentação ou saída de fezes e urina, por exemplo. Pensando nesses impactos, o dia 16 de novembro foi instituído como o Dia Nacional dos Ostomizados para que mais informações sobre a ostomia sejam difundidas e o preconceito contra os pacientes que passaram pelo procedimento seja cada vez menor.
No CEONC, para dar apoio aos ostomizados do aparelho digestivo e ajudar nos cuidados desses pacientes, existe uma equipe preparada especializada. A enfermeira estomaterapeuta, Ana Paula De Souza Cozza, realiza esse trabalho há quase seis anos dentro do Hospital. De acordo com ela, a ação é realizada por meio de uma parceria, que visa fornecer assistência às pessoas que passaram pela ostomia, sem nenhum custo.
“Os médicos, os enfermeiros e os técnicos, por terem uma rotina muito corrida, não conseguem fornecer um acompanhamento exclusivo a esses pacientes. Por conta disso, é comum que muitos saiam com a bolsa, mas com dúvidas sobre como trocar, cuidar, onde comprar essa bolsa e até mesmo se eles precisavam comprar ou se o SUS fornecia. A partir do momento em que o CEONC começou esse trabalho mais especializado e focado nos estomas, houve uma grande diminuição no número de lesões nos pacientes e melhoria na adaptação e qualidade de vida dessas pessoas”, conta a enfermeira estomaterapeuta, Ana Paula De Souza Cozza.
Os casos de pacientes ostomizados que passam pelo CEONC, geralmente estão ligados aos tratamentos oncológicos, que em muitos casos, podem não ter reversão. Para a enfermeira, os cuidados especiais com as pessoas que passam pela ostomia são muito importantes, podendo ajudar até mesmo na autoestima. “Isso é muito necessário, tanto para o paciente se adaptar com a bolsa, para ele se sentir mais confortável e seguro perante a sociedade, quanto no reflexo nos polos de dispensação. Isso quer dizer que, se o paciente não está adaptado, usando o dispositivo correto, ele vai acabar usando mais bolsas e vai afetar quem está distribuindo esse material, tendo um aumento muito grande de custo. Além disso, se essa pessoa não apresenta uma qualidade de vida, ela acaba não tendo forças para encarar o tratamento da doença”, afirma Ana Paula.
Por ser referência em cirurgias de abdômen, o CEONC atende pacientes de diversas regiões e estados do país e, com isso, nos últimos dois anos foi o centro médico que mais realizou ostomias no Oeste do Paraná. Conforme a estomaterapeuta, pacientes do Mato Grosso, Santa Catarina e até mesmo do Pará já passaram pelos cuidados dela.
Hoje, em todo o Brasil, todos os pacientes ostomizados têm direito a receber as bolsas e os demais itens necessários gratuitamente pelo SUS, ou então pelos planos de saúde. Segundo dados da International Ostomy Association (IOA), existe uma projeção de que há uma pessoa com estomia para cada 1.000 habitantes em países com um bom nível de assistência médica, podendo ser bem inferior nos países menos desenvolvidos. Nessa perspectiva, estima-se para Brasil um número de mais de 207 mil pessoas com estomias no ano de 2018 (IOA, 2007).