Minha mãe se culpou muito por não ter me levando à vacinação, diz vítima de paralisia infantil

“Minha mãe me levou para eu morrer em casa. Eu fiquei uma semana desacordada e no sétimo dia eu acordei. Aí eu já não mexia meu braços, nem minhas pernas”. Esse é o relato angustiante da servidora aposentada Ana Rosa Cardoso Pinto, que aos 2 anos e 9 meses de idade teve paralisia infantil e até hoje convive com as sequelas da doença, com a síndrome da pós-pólio.

Ana não foi vacinada quando criança, a única proteção contra a doença. “Minha mãe sofreu muito. Ela morreu em seguida. Ela via minha deficiência e se culpou muito por não ter me levado à vacinação”, lembra.

A história de Ana mostra que a imunização é essencial para prevenir as crianças de terem o mesmo destino, lutando a vida inteira contra a doença. “Está atrofiando novamente. Os meus ossos estão enfraquecendo, eu estou com osteoporose, osteomielite e artrite. Aí o quadro clínico se agrava, não tem muito o que fazer, você tem que repousar. É muita dor. É como se os ossos tivessem desencaixando novamente daquele quadro cirúrgico que você fez, deformando. Tudo isso por falta da vacina”, relata.

Hoje, o município de Cascavel tem feito uma força-tarefa para garantir que histórias como a de Ana não se repitam, levando a dose contra a pólio a inúmeros pontos de vacinação descentralizados na cidade. Segundos dados do PMI (Programa Municipal de Imunização), das 18.556 crianças de 1 a menores de 5 anos que precisam da dose, 12.285 foram imunizadas, o que corresponde a uma cobertura de 66,2%. Quando o mutirão começou em 13 de setembro, a cobertura estava em 35%

“Hoje eu peço para os pais que têm toda essa informação, pois nós estamos no mundo digital, que procure a vacinação, porque a ciência veio para nos deixar livres, não retroceder ao passado. Não cause essa sequela da pólio para o resto da vida do seu filho”, aconselha Ana.