Certezas e incertezas da economia brasileira. Foi sobre isso que falou, durante a reunião empresarial da Acic na noite da última quinta-feira, a professora-doutora economista-chefe do Sistema Cresol Patrícia Palermo. A participação dela foi virtual, mas na Sala Paraná, junto de empresários e convidados, estiveram o diretor superintendente da Cresol Progresso Rafael Luiz Junges e o diretor de Negócios Tiago André Risso. Com meta de chegar a um milhão de cooperados em 2024, a Cresol administra R$ 30 bilhões em ativos no País e, para Cascavel, ela prepara para breve a inauguração da quinta agência.
Patrícia fez uma leitura detalhada dos cenários econômicos do mundo e do Brasil para repassar as expectativas nacionais para 2024: a tendência é de crescimento menor (1,5%), inflação na casa de 4% e taxa de juros de um dígito próxima de 9% no fim do ano. Mas há fatores que podem frustrar essas expectativas, alguns ainda relacionados aos reflexos da pandemia do Covid e os conflitos armados por diferentes regiões do planeta. No entanto, afirmou Patrícia, o panorama será igual para todos.
O Brasil vinha de dificuldades sérias nos anos em 2014 e 2015 e, gradualmente, passou a se recuperar. Mas, com a pandemia, que atingiu todas as economias, indistintamente, o País também enfrentou problemas. O que surpreendeu, no entanto, foi a rápida recuperação brasileira, motivada também pelas reformas da Previdência e trabalhista. Com a pandemia, um fenômeno novo para a contemporaneidade, os governos injetaram dinheiro com ajudas e bolsas. Isso gerou inflação e obrigou, então, os bancos centrais a dilatar as taxas de juros.
O processo de ajuste tem sido difícil principalmente nas economias mais sólidas, e no caso do Brasil mesmo com reduções progressivas as taxas seguirão altas por um bom tempo. Os olhos estão voltados agora para os Estados Unidos que em algum momento poderá entrar em recessão. A China foi um dos países onde o isolamento ocorreu de forma mais rigorosa e por mais tempo. O retorno, há alguns meses, não surtiu os efeitos esperados de alavancagem na economia. É que lá, segundo Patrícia, também há incertezas que freiam a dinâmica econômica.
O setor imobiliário responde por 25% do PIB chinês, mas com as dificuldades do setor há temor de uma crise no crédito. A guerra entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Hamas ampliam a instabilidade, dificultando projeções mais seguras da direção econômica que o mundo seguirá. E tudo isso impacta o Brasil, de acordo com a professora. O crescimento nacional previsto para 2023 é de 3%, resultado das reformas feitas no passado e de ajustes do governo anterior que, no entanto, cessaram com a eleição presidencial de 2022.
Se no momento a situação é considerada boa, ela preocupa no longo prazo. Mesmo com preços mais estáveis que em anos anteriores, a inflação segue resiliente e os juros, com quedas previstas para os próximos meses, continuarão elevados, segurando o consumo. Há outros fatores em análise e que influenciam no contexto, como a postura do novo governo de não economizar e de cumprir o que prometeu de não observar o teto de gastos. Em contraponto há o bom momento da agropecuária e, por sua vez, a dificuldade competitiva da indústria nacional.
Patrícia fez um alerta: não é possível subestimar a capacidade de gastar desse governo. Apenas em uma canetada, R$ 200 bilhões a mais são injetados na economia com a PEC da transição, mas o quadro deverá ser diferente em 2024. Preocupa o déficit fiscal primário elevado e novas regras como as ditadas pelo arcabouço fiscal que teria por função controlar os gastos públicos. Porém, o mercado não acredita que as metas estabelecidas pelo governo serão alcançadas, observou a professora.
Comércio e varejo - E o comércio e o varejo diante desse contexto, questionou Patrícia, que pontuou algumas situações que considera fundamentais a esses segmentos: concorrência maior, presença multicanal, perfil do consumidor mudando, inflação persistente, crédito caro, inadimplência alta, assimilação de tecnologia, treinamento e empoderamento da equipe. São situações e posturas que exigem rápida adaptação do empresário que quer seguir prosperando com o seu negócio. A reunião de quinta foi conduzida pelo vice-presidente da Acic, Marcio Blazius.
Via: Assessoria Acic - Foto: Divulgação
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