Reflexões pontuam falhas e soluções para melhorias na segurança pública
A condução do tema foi feita pelo sargento da Polícia Militar Luis Carlos Norbiato, que apontou os principais motivos das deficiências e dificuldades que o País ...

A última reunião empresarial da Acic do calendário de 2024 envolveu os espectadores em uma profunda reflexão sobre a realidade da segurança pública brasileira. A condução do tema foi feita pelo sargento da Polícia Militar Luis Carlos Norbiato, que apontou os principais motivos das deficiências e dificuldades que o País enfrenta em uma área tão estratégica. Investir em educação, no fortalecimento de valores pessoais e familiares e na adoção de um novo modelo de segurança surgem como algumas potenciais soluções aos obstáculos apresentados.
O primeiro aspecto apontado por Norbiato foi a corrupção e os estragos por ela provocados no ambiente social. Ele apresentou um ranking de 190 países no qual o Brasil está na posição de número 104 entre os mais corruptos. Com 18 anos de experiência na Patrulha Escolar, o sargento presenciou inúmeras situações e entendeu carências que colocam o País em uma péssima posição do ranking Pisa, considerado um dos mais confiáveis do planeta em avalições da área educacional – a colocação do Brasil é na casa da posição 60 entre 81 países considerados no estudo.
Grande parte dos alunos de escolas públicas, conforme Norbiato, conversa durante a explicação do professor e poucos dos que anotam conseguem, depois, recapitular o conteúdo por não entender a própria letra. E ainda há questões associadas ao desrespeito ao professor e aos colegas, demonstrando problemas na origem, na família. O excesso de direitos e praticamente a ausência de deveres permite entender os elevados indicadores da criminalidade, porque tudo de errado acaba desaguando na segurança, observou o sargento da Polícia Militar. Ele citou também a impunidade e o abuso do criminoso, que usa diferentes artimanhas para provocar medo nas pessoas.
Norbiato falou ainda sobre a formação das pessoas e o elevado poder do crime organizado. O sargento apresentou um número que chamou a atenção dos presentes na Sala Paraná e de quem acompanhava a reunião pelas mídias sociais da Acic: US$ 700 bilhões é o que o crime organizado movimenta por ano no mundo. Se fosse um país, ele seria dono do 21º maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo. As práticas que mais movimentam recursos são: tráficos de drogas, de armas e de pessoas. “Temos todos, a partir dessas reflexões, que pensar em algo capaz de mudar a história do nosso País”, alertou Luis Carlos Norbiato.
Polícia comunitária
Outra informação impactante apresentada pelo sargento foi um dado divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Ela diz que 98% das pessoas são boas e trabalhadoras e que 2% são problemáticas e penderão para o crime. Por essa lógica, o Brasil, com seus 215 milhões de habitantes, teria 4,3 milhões de criminosos. Estudioso da estrutura de polícia e da segurança de outros países, Norbiato apontou a polícia comunitária, aperfeiçoada no Japão, como modelo ideal. Por meio dela e da criação de núcleos em territórios específicos da cidade, os policiais dialogam e ficam próximos da população.
A criação de uma relação de confiança entre polícia e comunidade cria um ambiente fértil ao combate ao crime em sua raiz, porque há facilidade de antecipar e até de impedir que algumas situações de violência ocorram. O modelo já foi pensado para o Brasil, reconheceu o sargento, mas acabou abandonado pela força de interesses que não compactuavam com o modelo japonês.
Por fim, Norbiato falou sobre a Operação Papai Noel, que será iniciada na próxima segunda-feira, e que aumentará o efetivo e as operações policiais buscando oferecer mais segurança aos comerciantes e às pessoas nas semanas que antecedem o Natal. Comandada pelo vice-presidente da Acic Marcio Blazius, a reunião de quinta à noite contou com colaboração do Conseg e da Guarda Municipal.
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