10 de maio de 2025

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Mediação e diálogo se firmam como prática essencial de justiça

Com viés internacional e, pela primeira vez realizado no interior do Estado...

Mediação e diálogo se firmam como prática essencial de justiça
Divulgação

A segunda edição do Congresso Paranaense de Mediação e Arbitragem - iniciada ontem (5) na OAB Cascavel (Ordem dos Advogados do Brasil - Subseção de Cascavel) -, chegou ao fim nesta terça-feira (6) superando expectativas e marcando um importante passo na consolidação da mediação como ferramenta central para a justiça brasileira. Com a presença de renomados especialistas do Brasil e do exterior, o evento discutiu práticas inovadoras que tornam a resolução de conflitos mais eficiente e humanizada. O foco está no diálogo.

"O Brasil é precursor na difusão da mediação e precisa reconhecer esse pioneirismo. Este congresso mostrou que estamos no caminho certo ao incluir, neste momento fértil de crescimento, mediadores de todos os níveis, além dos advogados", avaliou o jurista e professor Pedro Morais Martins, presidente do Instituto de Mediação e Arbitragem de Portugal.

Com sensibilidade, Martins compartilhou sua percepção sobre a urgência da sociedade reaprender a dialogar, pois vivemos numa lógica de urgência que enfraquece a escuta e desgasta as relações. “Estamos começando a abrir os olhos. Se não mudarmos a forma como dialogamos, os reflexos serão sentidos no futuro de forma ainda mais intensa, pois já afeta as relações familiares e os ambientes corporativos, refletindo na sociedade como um todo", alertou.

Interiorização

Pela primeira vez sediado fora da capital, o congresso foi um marco para a interiorização dos debates sobre a justiça moderna e reforçou o papel da Ordem como protagonista na disseminação da mediação. Para a presidente da OAB Cascavel, Silvia Mascarello Massaro, ao abraçar a iniciativa de interiorizar o evento - ainda na sua segunda edição -, a OAB Paraná reconhece a importância e o potencial da advocacia do interior do Estado.

“É gratificante poder mostrar que, mesmo fora da capital, temos força coletiva, capacidade de articulação e entrega para realizar algo realmente grandioso", destacou, ressaltando a qualidade do evento. "Tivemos palestrantes renomados, que elevaram ainda mais o nível dos debates. O resultado positivo é fruto de um trabalho técnico, colaborativo e muito dedicado de todos que abraçaram a missão".

Protagonismo

A abertura deste segundo dia foi conduzida pelo doutor Asdrubal Júnior, referência nacional em negociação, mediação e arbitragem. Em sua fala, ele reforçou a mediação como ferramenta estratégica para uma justiça mais ágil e conectada às necessidades da sociedade atual. Defensor da desjudicialização, ele destacou que a advocacia precisa enxergar a mediação como oportunidade, não ameaça. "Estamos falando de protagonismo, de reconstrução de vínculos, de soluções mais colaborativas. O advogado deve ser o engenheiro de soluções, e não um encaminhador de problemas", afirmou.

Na sequência, o desembargador Leoberto Narciso Brancher, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), trouxe uma fala inspiradora sobre a atuação em rede no Sistema de Justiça, destacando a importância das redes colaborativas para a efetivação das políticas públicas. Brancher também ressaltou o papel da Escola da AJURIS na difusão dos métodos restaurativos, hoje pilares para a construção da cultura de paz no Brasil.

Escuta ativa e emoções

No período da tarde, o professor argentino Juan Carlos Vezzulla, um dos grandes nomes da mediação transformativa na América Latina, participou virtualmente com uma fala provocadora e envolvente. Com olhar apurado para o comportamento humano, ele destacou a importância da escuta ativa, da empatia e do empoderamento das partes como elementos fundamentais para que a mediação produza efeitos reais e duradouros.

Inovador

Promovido pela Comissão de Métodos Adequados para Tratamento e Resolução de Conflitos da OAB Cascavel, com apoio da CMARC, o evento reuniu representantes do Judiciário, Ministério Público, OAB Paraná, advogados, estudantes e mediadores de diversas regiões do Estado, do Brasil e de países como Portugal e Argentina.

De acordo com a presidente da Comissão, Mary Andréa Alves Jurumenha, "o congresso superou todas as expectativas, confirmando que o caminho para uma justiça mais ágil e humana é abraçar a mediação, não como uma técnica jurídica, mas como uma nova forma de enxergar as relações humanas".

Inclusão e conexão com as ODS

O congresso também abriu espaço para debates sobre políticas públicas, práticas legislativas e o papel das instituições na promoção da cultura de paz. Esta edição foi a primeira a seguir as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, conectando a mediação aos pilares social, econômico e ambiental. O evento contou com tradução em audiodescrição para posterior disponibilização no YouTube.

O encerramento foi marcado pelo lançamento da primeira Cartilha de Autocomposição Acessível, produzida em Braille e em formato digital (e-book), com distribuição gratuita — mais um passo para tornar o acesso à justiça mais democrático. Ela pode ser acessada aqui: https://www.oabcascavel.org.br/noticias/conheca-a-cartilha-de-praticas-autocompositivas

Por: SOT/OAB Cascavel - Foto: Divulgação

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