3ª Caminhada Contra o Feminicídio une comunidade cascavelense na luta contra a violência e pela vida das mulheres
Em Cascavel, a 3ª Caminhada Contra o Feminicídio reuniu cerca de 500 pessoas na Avenida Brasil, conforme dados da Polícia Militar.

Neste momento, alguma mulher pode estar sendo vítima de violência e não resistir. É por isso que ações de conscientização, como a campanha “Paraná Unido Contra o Feminicídio”, que mobilizou todos os municípios a realizarem caminhadas ao meio-dia nesta terça-feira (22), data em que se celebra o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, são necessárias, para chamar a atenção de toda a sociedade nesta luta.
Em Cascavel, a 3ª Caminhada Contra o Feminicídio reuniu cerca de 500 pessoas na Avenida Brasil, conforme dados da Polícia Militar. Cidadãos vestidos de branco como símbolo de paz e luta por justiça caminharam em prol da vida, da segurança das mulheres. A ação foi organizada pela Secretaria Especializada de Cidadania, Proteção à Mulher e Políticas sobre Drogas (Sesd), em parceria com a Secretaria de Assistência Social.
O prefeito em exercício Henrique Mecabô destacou a importância da conscientização sobre o assunto, “Mais do que um dia de caminhada que chama atenção no centro da cidade, esse é um momento de conscientização, inclusive para as futuras gerações, para que essa cultura de violência contra a mulher seja quebrada e não se repita. É uma questão de respeito. As mulheres, todas as mulheres, merecem respeito, especialmente por parte dos companheiros, mesmo quando a relação não dá certo ou quando as coisas não saem como o esperado. É preciso respeitar a vida e a individualidade do outro. Muitas mulheres ainda são subjugadas e agredidas apenas por serem mulheres e isso não cabe mais na nossa sociedade. Com ações como essa, com a presença das forças policiais, da OAB e de tantas entidades, damos um passo importante para romper com essa cultura e amparar as famílias que sofrem com essa dor”, observa.
Para o secretário da Sesd, Marcelo da Silva, a caminhada foi mais do que uma forma de chamar a atenção para a causa. “Fizemos uma caminhada silenciosa, mas a cada passo dado na Avenida Brasil simbolizou um grito de socorro. Esta ação mostra que é possível vencer e evitar o feminicídio. A denúncia é o caminho. Denunciando, conseguimos enfrentar essa realidade. Essa caminhada do meio-dia representa exatamente isso: um chamado à ação e à esperança”.
Segundo a secretária de Comunicação Social e de Cultura, Beth Leal, o combate ao feminicídio é uma responsabilidade coletiva, que deve envolver toda a sociedade. “Essa é uma luta de todos, não apenas das mulheres. Todos precisam vestir a camisa branca pela paz e pelo fim do feminicídio. Quando uma mulher é vítima de feminicídio, toda a família se desestrutura e, com ela, também a sociedade. Precisamos nos mobilizar, mostrar que é hora de dar um basta à violência, especialmente àquela que atinge as mulheres”.
Entre as participantes, estava Inês Brito, mãe de Alaninha, vítima de feminicídio. Com voz embargada, ela falou sobre o significado do ato. “É o povo se ajuntar, se ajudar, pra apoiar outras mulheres que estão passando pelo que a minha filha passou. Muitas sofrem caladas, com medo. Essa caminhada é uma força, é um apoio. O feminicídio não destrói só uma vida, destrói famílias inteiras. Eu entendo isso, porque fiquei com dois netos, e ainda com um filho que já tinha problemas e piorou depois que viu a irmã morrer. Hoje ele vive à base de remédios”, desabafou.
O depoimento de Inês escancara a dimensão devastadora da violência contra a mulher. Mais do que estatísticas, o feminicídio deixa marcas profundas, exige mobilização contínua da sociedade e ações efetivas do poder público. Caminhar contra o feminicídio é dar voz a quem ficou e proteger quem ainda pode ser salvo.
Lembre-se, sua denúncia pode salvar uma vida. Disque 153 da Guarda Municipal ou 190 da Polícia Militar.