Vereadores defendem fim do Fundão mas usaram recursos públicos nas eleições de 2024
Faça o que eu digo, não o que faço: vereadores querem fim do ‘Fundão’, mas usaram em 2024

A Câmara de Cascavel aprovou, nesta semana, uma Moção de Apoio ao Projeto de Lei 748/2019, de autoria do senador Márcio Bittar (MDB), que propõe a extinção do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha), o popular “Fundão Eleitoral”. A iniciativa foi apresentada pelo vereador Policial Madril (PP) e aprovada por 11 votos a 10, com o voto de minerva do presidente da Casa, Tiago Almeida.
Apesar do tom moralizador do debate, um levantamento realizado pelo Hoje Express com base nos dados das prestações de contas de campanha disponibilizadas no DivulgaCand, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostra que a maioria dos parlamentares cascavelenses foi beneficiada diretamente com recursos públicos nas eleições de 2024. O levantamento levou em conta apenas os valores de Fundo Eleitoral e não Fundo Partidário, que é outra modalidade de financiamento de campanha. A maior parte do recurso foi utilizada para pagamento de materiais de campanha, como santinhos, jingle e adesivos.
Contra o ‘Fundão’
Os que votaram contra o fundo, mas receberam o fundo, foram: Alécio Espínola (R$ 50.000,00), Antonio Marcos (R$ 2.074,32) - mas não usou, Contador Mazutti(R$ 50.000,00), Dr. Lauri (R$ 6.000,00), Everton Guimarães (R$ 0,00) - não recebeu, Fão do Bolsonaro (R$ 50.000,00), João Diego (R$ 13.000,00), Policial Madril (R$ 30.000,00) - mas não usou, Rondinelle Batista (R$ 2.400,00), Carlos Xavier (R$ 13.000,00) e Tiago Almeida (R$ 22.000,00). Segundo o levantamento, os vereadores que foram contra o ‘fundão’, receberam juntos 238.474,32. Nada mal para erguer a bandeira da moralidade.
A favor do ‘Fundão’
Os que defenderam manter o fundo (e também receberam): Bia Alcantara (R$ 55.867,67); Cabral (R$ 50.000,00); Cidão da Telepar (R$ 25.000,00); Cleverson Sibulski (R$ 0,00) – não recebeu; Edson Souza (R$ 6.000,00); Hudson Moreschi (R$ 294,15) - mas não utilizou o recurso; Mauri Schaffer (R$ 13.000,00); Sadi Kisiel (R$ 10.000,00); Serginho Ribeiro (R$ 18.000,00) e Valdecir Alcântara (R$ 30.000,00). Segundo o levantamento, o grupo dos vereadores que votaram a favor da Moção e são favoráveis a manutenção do ‘fundão’, receberam juntos R$ R$ 208.161,82.
No entanto, apesar dos vereadores terem recebidos os recursos, não significa que os valores foram utilizados ou totalmente utilizados. Por exemplo, o vereador Policial Madril recebeu R$ 30.000,00, mas devolveu os valores, segundo a prestação de contas. Outros vereadores que receberam e não utilizaram os valores foram: Antonio Marcos e Hudson Moreschi.
No final, o resultado expõe uma contradição e, na prática, para a Câmara de Cascavel, o “fundão” ou outros recursos públicos podem até ser considerados imorais, mas, na hora da urna, vira recurso indispensável. É aquela velha história: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.