Câmara em chamas: luz apagada, brigas acesas e bastidores que ferem a base política de Cascavel
De iluminação pública às disputas por cargos, os corredores da política cascavelense seguem iluminados por polêmicas, intrigas e muito fogo cruzado.

As luzes de Cascavel parecem ter se apagado — e não apenas nos postes da cidade. O vereador Cidão da Telepar chamou atenção ao afirmar que, durante os anos de 2023 e 2024, nenhuma luminária foi comprada pela gestão Paranhos/Renato Silva, apesar da escuridão visível em vários bairros. A declaração trouxe à tona a pergunta que ecoa entre moradores e políticos: afinal, de quem é a responsabilidade pela atual situação da iluminação pública?
Enquanto isso, nos bastidores, surgem especulações ainda mais irônicas. Alguns apontam que os investimentos em ônibus elétricos e os custos com processos judiciais poderiam estar ligados à falta de recursos para a energia que falta nas ruas. O debate segue aberto, mas a cidade continua às escuras.
Nos corredores políticos, outro assunto que chama a atenção: a movimentação de um prefeito de uma grande cidade do Oeste que tenta afastar um aliado histórico de futuras disputas locais. A estratégia incluiria até mesmo empurrá-lo para uma candidatura a deputado federal ou para um posto em um possível governo de direita em 2028. A tática é clara: manter o “companheiro de primeira hora” longe das urnas municipais.
Já no Legislativo cascavelense, a disputa pela presidência da Câmara promete rivalizar com as eleições estaduais e federais de 2026. Grupos políticos se articulam, alianças se formam e a expectativa é de um jogo de bastidores tão intenso quanto silencioso. A justificativa oficial para adiar a definição? Nenhuma. Mas, nos corredores, todos sabem que os motivos reais passam longe da formalidade.
No campo administrativo, sobram dúvidas. O prefeito Renato Silva, que conseguiu viabilizar a criação de dois cursos de Medicina — algo que nem instituições de renome alcançaram —, ainda não conseguiu destravar os processos licitatórios do lixo e do transporte coletivo. O contrato com o Instituto Fipe já consumiu recursos, mas segue sem apresentar resultados concretos.
Entre cargos e nomeações, o Programa FelicIdade do Idoso ganhou novo coordenador: Ailton Alves. O anúncio levantou a curiosidade sobre quem indicou o nome para a função de confiança, que exige experiência e tato para lidar com a terceira idade.
Mas foi na última sessão da Câmara, no dia 9, que o espetáculo político atingiu o auge. O ex-presidente Alécio Espínola disparou críticas contra o prefeito por escolher o emedebista Dr. Lauri Silva como vice-líder do governo. A escolha, aparentemente comum, ganhou contornos explosivos após declarações de Lauri sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, que irritaram aliados da base bolsonarista. O resultado foi um plenário em chamas, com microfones cortados, gritos e suspensão da sessão.
No meio da confusão, Rondinelli Batista, do Novo, viu seu sonho de ocupar o posto de vice-líder se perder. O espaço acabou sendo entregue ao MDB, sem que os demais partidos da base governista fossem consultados. A decisão gerou incômodo interno e deixou claro que, por trás da cortina, nem todos se sentem devidamente ouvidos.
Entre postes apagados, cargos disputados e microfones desligados, a política cascavelense continua iluminada por um cenário de contradições e disputas que prometem novos capítulos em breve.