Câmara de Cascavel analisa projeto de lei ‘Leitura em Movimento’ que visa democratizar o acesso aos livros pela cidade
Além da simples disponibilização de obras, o programa prevê palestras, oficinas e atividades educativas em escolas públicas e privadas..
A Câmara de Cascavel analisa o projeto de lei 173/2025 que institui o Programa “Leitura em Movimento”, de autoria dos vereadores Cidão da Telepar (Podemos) e Edson Souza (MDB).
Se aprovado, o programa permitirá a instalação de pontos de leitura, sejam estantes, prateleiras ou estruturas adequadas, em terminais de transporte coletivo, rodoviária, supermercados, centros comerciais, órgãos públicos e demais espaços movimentados. Nesses locais, os cidadãos poderão pegar livros gratuitamente, trocar exemplares e até fazer doações, fortalecendo uma rede comunitária de incentivo à leitura.
Além da simples disponibilização de obras, o programa prevê palestras, oficinas e atividades educativas em escolas públicas e privadas, para despertar o interesse das novas gerações e consolidar o hábito da leitura desde a infância.
A proposta também valoriza o livro físico como ferramenta de convivência e aprendizado, oferecendo uma alternativa saudável ao uso excessivo de telas. Ler, dizem os proponentes, é um exercício de imaginação, concentração e empatia, que fortalece o pensamento crítico e a criatividade.
Leitura para todos
O projeto destaca a leitura como instrumento de inclusão social, desenvolvimento pessoal e formação cidadã. A proposta busca atingir crianças, jovens, adultos e idosos, sem distinção de classe social, escolaridade ou renda. “Garantir o acesso ao livro é promover cidadania e transformar realidades”, afirmam os veeradores.
Os autores ressaltam que o direito à leitura é um dever do Estado, conforme estabelece a Lei Federal nº 10.753/2003, que institui a Política Nacional do Livro. A iniciativa também está alinhada ao Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) e antecipa as diretrizes de projetos em tramitação no Congresso Nacional que tornarão obrigatórios os planos municipais de leitura até 2028.
Exemplos que inspiram
Entre as inspirações para o projeto está o reconhecido projeto “Pegaí Leitura Grátis”, criado em Ponta Grossa (PR), que desde 2013 tem aproximado “livros sem leitores de leitores sem livros”. Outro exemplo citado é o Projeto Estante Itinerante, da Unioeste, que já promove ações de incentivo à leitura em parceria com entidades locais, como a Academia Cascavelense de Letras e o projeto Livrai-nos.
Essas experiências comprovam que o incentivo à leitura não exige grandes investimentos, pois os acervos podem ser formados por doações, parcerias com instituições e ações voluntárias. Além disso, o reaproveitamento de livros estimula a sustentabilidade e o uso consciente de recursos.
Panorama da leitura
Segundo a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, os brasileiros leem, em média, quatro livros por ano. No entanto, apenas dois desses livros são lidos por vontade própria, enquanto outros três são lidos por obrigação escolar ou profissional. Isso significa que pouco mais da metade das leituras no país ocorre de forma espontânea, por prazer ou curiosidade. A pesquisa também mostra que 44% da população brasileira não lê nenhum livro e que o interesse pela leitura diminui com o avanço da idade, especialmente entre adultos.