22 de novembro de 2025

Cascavel

Fale conosco

Brasil

Acordo da COP30 amplia financiamento climático, mas deixa de fora combustíveis fósseis

Documento aprovado em Belém reforça apoio financeiro aos países em desenvolvimento, mas frustra expectativa por diretrizes sobre a eliminação de combustíveis fósseis.

Acordo da COP30 amplia financiamento climático, mas deixa de fora combustíveis fósseis
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Governos reunidos na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) chegaram, neste sábado (22), a um acordo que amplia o financiamento destinado às nações mais vulneráveis aos impactos do aquecimento global. O entendimento prevê que países ricos tripliquem, até 2035, os recursos voltados à adaptação das nações em desenvolvimento, diante de efeitos como elevação do nível do mar, ondas de calor, secas, inundações e tempestades.

Apesar do avanço financeiro, o documento final não faz referência aos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, temas centrais para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A ausência ocorre após intensas negociações, marcadas pela divergência entre a União Europeia — defensora de uma menção explícita ao abandono desses combustíveis — e países do Grupo Árabe, incluindo grandes exportadores de petróleo. O impasse foi contornado com a opção por um texto paralelo, apresentado pelo Brasil, que deverá tratar do tema à parte.

O acordo lança o chamado Acordo de Belém, que institui uma iniciativa voluntária para acelerar a implementação das metas nacionais de redução de emissões. O texto também pede que órgãos climáticos estudem formas de alinhar o comércio internacional à agenda climática, diante de preocupações com barreiras comerciais que possam atrasar o avanço de tecnologias limpas.

Ainda que o financiamento tenha sido ampliado, setores da sociedade civil demonstraram frustração pela ausência de um cronograma para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, proposta defendida por mais de 80 países. A expectativa por um mapa de transição energética não avançou, apesar dos esforços do governo brasileiro para incluir o tema.

Entre os pontos considerados positivos, o documento final reconhece a importância das comunidades afrodescendentes e dos povos indígenas no enfrentamento da crise climática, destacando seus conhecimentos tradicionais, direitos territoriais e papel no engajamento social. Iniciativas como o Acelerador Global de Implementação e a Missão Belém 1,5 também foram apresentadas para apoiar países na execução de suas metas e planos de adaptação.

Especialistas avaliam que, embora o acordo represente avanços institucionais e novos compromissos, ele ainda não responde plenamente à urgência climática indicada pela ciência. A COP30, realizada em Belém, evidencia tanto os limites da governança internacional quanto o crescente protagonismo de comunidades e territórios que impulsionam soluções para a crise ambiental.

/Luiz Felipe Max - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais Lidas