Inovação aberta gera resultados práticos em Cascavel
Após a realização dos hackathons em parceria com o Sebrae/PR, a Unimed, por exemplo, implantou melhorias na rotina da empresa...

Vinicius Stanoga Santos tinha acabado de concluir o curso técnico em informática. Com a intenção de entrar no mercado de trabalho, mas ainda sem saber ao certo qual caminho seguir, o jovem resolveu aceitar a proposta de um professor: juntos, com a participação de um outro colega, eles poderiam participar da primeira edição do Hackathon da Unimed, em parceria com o Sebrae/PR. Isso foi em 2018, quando o grupo participou da maratona de programação de mais de 53 horas.
“Quando acabou o curso técnico, um dos professores teve a ideia de pensarmos em fazer algo para fora do ambiente do colégio. Já estávamos desenvolvendo alguns sites, mas não tínhamos um foco específico. O Hackathon mudou as nossas vidas e abriu as nossas mentes mostrando que era possível fazer algo diferente e inovador”, relata Vinicius.
A solução desenvolvida pela equipe foi baseada em um dos problemas apresentados pelos próprios colaboradores da Unimed: havia certa dificuldade no envio do código de barras das faturas dos cooperados por SMS, WhatsApp e outras plataformas. A ideia inicial, portanto, era criar uma decodificação diferente das cobranças, mas durante as conversas com a equipe da cooperativa de saúde, o grupo percebeu que ali havia potencial para o desenvolvimento de uma plataforma online de cobrança, que poderia reunir todos os títulos e, a partir dali, ser programada para envio automático, sem morosidades.
“Enquanto West Software, criamos um gestor de inadimplência durante o primeiro Hackathon e conquistamos a segunda colocação. Não perdemos as esperanças, pois sabíamos que a ideia tinha potencial, mas não imaginávamos que teríamos o retorno da própria Unimed, que se interessou pela nossa criação”, relembra Vinícius.
A procura, segundo o coordenador de projetos, inovação e estratégia da Unimed Cascavel, Everton Garboça, não foi por acaso. A ideia de promover um Hackathon iria além de premiar o vencedor – desde o começo, a maratona tinha o objetivo de trazer soluções que pudessem ser aplicadas na prática.
“Contamos com uma equipe de Tecnologia da Informação interna, mas as demandas são constantes e eles não tinham tempo para abraçar novos grandes projetos. Por isso, pensamos no Hackathon, pois nos daria celeridade na produção de processos inovadores. Procuramos o Sebrae, que tem expertise em eventos como esse, e nos propusemos a ouvir as ideias de cabeças pensantes que estivessem fora da cooperativa”, destaca Everton.
Com isso, o conceito de inovação aberta foi atingido com excelência. O termo consiste na promoção de inovação de forma colaborativa, com o envolvimento de partes externas à empresa, envolvendo clientes, fornecedores, institutos de pesquisa, órgãos públicos, startups e outras empresas.
“Muitas empresas têm medo de abrir seus problemas e suas dores, com receio de mostrar fragilidade no mercado. O que a Unimed fez foi o oposto: eles mostraram as dificuldades da cooperativa e oportunizaram a criação de inovações que realmente fossem usuais. Dessa forma, a inovação aberta ocorreu de forma rápida e envolvendo equipes que estiveram focadas na realidade da empresa”, detalha o consultor do Sebrae/PR, Osvaldo Brotto.
Quase dois anos depois do primeiro Hackathon, a Unimed já observa melhorias significativas na rotina da empresa: o gestor de inadimplência criado pela West Software, por exemplo, realizou mais de 500 negociações. De forma totalmente automatizada, a plataforma facilitou, ainda, a adaptação à nova realidade exigida pela pandemia.
“Como tudo é automático, garantimos o recebimento da Unimed e a manutenção dos planos dos clientes. Flexibilizamos as negociações, autorizamos o parcelamento em até 10 vezes das pendências e mantivemos os clientes conosco, colocando em prática a nossa missão, que é de assegurar os nossos clientes no que tange à saúde, em todos os momentos (inclusive na pandemia)”, evidencia Everton.
Por outro lado, a startup também se beneficiou: desde a maratona, fez atualizações no sistema, continua operando com a Unimed Cascavel e atende outras duas unidades do Paraná, além de outras empresas.
“Desde o desenvolvimento do gestor, já reformulamos o sistema para implantar melhorias. O Hackathon acelerou o processo de criação e desenvolvimento da startup. Foi um evento que abriu caminhos para nós”, conclui Vinicius.
Em 2019, foi realizada a segunda edição da Maratona e, em 2020, a Unimed inaugurou em parceria com o Sebrae/PR e Unioeste, o Hub de Inovação, em Cascavel. Desde então, a cooperativa realizou negócios com pelo menos seis startups que surgiram nas duas edições dos Hackathons e indicaram as soluções para outras unidades da empresa.