Caso Mari Ferrer: manifestação em Cascavel vai repudiar ataques a blogueira durante julgamento
Imagens de audiência vazadas nesta terça pelo The Intercept causaram indignação por todo o País...
O tratamento recebido por uma jovem durante o julgamento do homem que ela acusou de estupro em Santa Catarina provocou indignação, reação e críticas por todo o País. Em Cascavel, uma manifestação está sendo organizada para o próximo domingo (8), às 16h, defronte a Catedral, na Avenida Brasil.
O manifesto está sendo organizado pelas psicólogas do instituto Ressignificar, Luana Cristina e Mariana Gudino; e as estudantes Samara Thalia Miezerski, Maria Eduarda Willemann, Júlia Helena Burtett Gudino e Ana Eduarda Soligo. O convite para a manifestação está sendo compartilhado pelas redes sociais e grupos de whataspp. Ele diz o seguinte:
Recebemos a notícia de que o abusador de Mari Ferrer foi absolvido e os momentos de violência pelos quais ela passou foram chamados de "estupro culposo". Perante quatro homens, o sofrimento e choro de Mari foram chamados de dissimulados, "lágrimas de crocodilo". Uma derrota gigantesca para todas as mulheres. Por causa disso, manifestações estão sendo organizadas em todo o país. Nós, de Cascavel - Paraná, não podemos ficar de fora.
A manifestação será no domingo, dia 08/11, às 16h, em frente à Catedral. É hora de unirmos nossas forças e exigirmos justiça não só por Mari Ferrer, mas por todas as mulheres brasileiras. Contamos com a presença de todos.
O caso - A blogueira Mariana Ferrer acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la estuprado em dezembro de 2018, em um camarim privado, durante uma festa em um beach club em Jurerê Internacional, em Florianópolis. Ela tinha 21 anos e era virgem.
Julgamento - O inquérito policial concluiu que o empresário havia cometido estupro de vulnerável, quando a vítima não tem condições de oferecer resistência. O Ministério Público denunciou o empresário à Justiça.
Durante o processo, o promotor do caso foi transferido para uma outra promotoria e o entendimento do novo promotor foi o de que o empresário não teria como saber que Mariana não estava em condições de dar consentimento à relação sexual, não existindo, assim, o dolo, a intenção de estuprar. Essa conclusão do promotor está sendo chamada de "estupro culposo". Aranha foi absolvido.
Vídeo de audiência - O caso voltou à tona nesta terça-feira (3) depois que o site The Intercept Brasil publicou o vídeo de uma audiência do caso em que o advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho, exibe fotos sensuais feitas por Mariana Ferrer quando era modelo profissional, definindo-as como "ginecológicas"; ele afirma ainda que "jamais teria uma filha" do "nível" de Mariana.
É possível ver, no vídeo da audiência, que a jovem reclamou do interrogatório para o juiz.
A defesa de Mariana Ferrer repudiou a sentença do Poder Judiciário catarinense e reforçou que só a vítima pode afirmar se houve ou não consentimento, não o promotor ou o juiz.