Pragas e Doenças: Cigarrinha é pesadelo aos produtores de milho
Relativamente nova no Oeste, a praga vem causando problemas graves nas lavouras da região....

O Sindicato Rural de Cascavel faz um alerta aos produtores rurais de milho na região Oeste: cuidado com a cigarrinha. Vetor da doença conhecida como enfezamento, o inseto já causou prejuízos em lavouras de milho verão em alguns casos de até 100% da produtividade. “O milho safrinha ou milho 2ª safra está sendo plantado agora. O controle começa desde já e todos precisam fazer a sua parte”, orientou Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel.
Relativamente nova no Oeste, a praga vem causando problemas graves nas lavouras da região. A ocorrência deste combo cigarrinha e enfezamento tem acarretado aumento dos custos de produção em estados produtores com clima mais quente.
De acordo com a Embrapa, os enfezamentos podem reduzir em até 70% a 100% a produção de grãos de plantas de milho susceptíveis, podendo ser ainda maior quando da ocorrência de surtos epidêmicos. Além disso, o controle tanto do inseto vetor quanto da doença é difícil e exige engajamento regional.
Levantamento dos órgãos públicos do Paraná da agricultura em 200 pontos de 50 municípios em todas as regiões produtoras do Estado mostra que, entre novembro e dezembro de 2020, a cigarrinha foi encontrada em 48% das amostras. “Identificou-se a ocorrência de cigarrinhas e do complexo de enfezamento do milho em todas as regiões produtoras de milho do Estado, na primeira safra de 2020/21, fato este não observado em safras anteriores”, diz a Nota Técnica da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná)
Segundo Jovir Esser, economista do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab de Cascavel, dados recebidos até agora da colheita do milho verão contabilizam perdas de 20 a 40% na produtividade, em municípios diferentes, com caso de lavouras 100% comprometidas.
Uma das vítimas foi o produtor rural Haroldo Stocker. Ele plantou 10 alqueires de milho em São João do Oeste, em Cascavel. “Metade está no chão. A cigarrinha matou metade da minha lavoura, e a outra parte também está comprometida, com 33% de umidade. Fizemos o controle químico oito vezes, e não adiantou”, lamentou.
O inseto
A cigarrinha Dalbulus maidis é o inseto vetor das doenças causadas por moliculites (bactérias) chamadas de enfezamento pálido e enfezamento vermelho. A cigarrinha adquire os moliculites quando se alimenta de uma planta doente e, após um período de latência, transmite cada vez que se alimenta da seiva de plântulas sadias.
O período de latência é de 3 a 4 semanas e o habitat preferido da cigarrinha é o cartucho do milho. A cigarrinha pode sobreviver em outras gramíneas como braquiária e sorgo (por 3 semanas) e milheto (por 5 semanas), porém, seu único hospedeiro é o milho, onde ela se reproduz, utilizando as demais plantas para sobreviver apenas por um curto período.
A multiplicação das moliculites na cigarrinha é favorecida por temperaturas acima de 25ºC. Além disso, temperatura média entre 27 °C e 32 °C causa encurtamento do ciclo da cigarrinha, favorecendo sua proliferação.
A doença
Além dos enfezamentos, a cigarrinha também é vetor da virose da risca, desta forma, pode ocorrer infecção simultânea com as três doenças, o que impossibilita a identificação segura a campo. Embora a infecção com molicutes ocorra nos estádios iniciais de desenvolvimento das plântulas, os sintomas manifestam-se no enchimento de grãos.
Os sintomas do enfezamento pálido são estrias esbranquiçadas que surgem na base das folhas e se estendem em direção ao ápice. A planta também apresenta encurtamento e improdutividade. Sintomas característicos do enfezamento vermelho são o avermelhamento das folhas e a proliferação de pequenas espigas, entre outros.
Manejo de risco
Para controle da cigarrinha e dos enfezamentos não há estratégia única e muito menos isolada. As medidas de manejo combinadas precisam ser adotadas em âmbito regional para garantir a eficiência.
Entre elas estão: evitar plantio de outras gramíneas sobre milho; eliminar o milho tiguera ou guaxo, no mínimo 2 semanas antes da semeadura; tratar as sementes com inseticidas e pulverizar a lavoura no início para reduzir os níveis de incidência; utilizar sementes com resistência genética aos enfezamentos; controle biológico para diminuir população de insetos entre outras.
“É fundamental que o produtor faça sua parte. Converse com sua assistência técnica, com seus vizinhos. A cigarrinha pode virar uma espécie de ferrugem asiática da soja na produção de milho. Não podemos deixar isso acontecer”, comentou Orso.
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