O tabaco continua sendo uma das principais ameaças à saúde global, resultando em mais de 8 milhões de mortes anualmente em todo o mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, em média 443 pessoas perdem suas vidas diariamente devido ao tabagismo. É crucial entender que os riscos associados ao cigarro vão muito além do câncer de pulmão, como se imagina.
A doutora Paula Soares, radioterapeuta do Hospital CEONC, em Cascavel, destaca que o tabagismo afeta todo o corpo, não apenas os pulmões. As mais de 7 mil substâncias químicas presentes no cigarro podem desencadear uma variedade de doenças graves e oncogênicas, como câncer de cabeça, pescoço - incluindo nariz, garganta e boca com feridas ou nódulos que não cicatrizem, mudanças na voz - câncer de bexiga, de colo uterino e pâncreas, entre outros, além de potencializar doenças como enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, entre outras.
“Os efeitos do tabaco são devastadores no organismo e na pele, causando envelhecimento precoce. Além disso, a nicotina é encontrada na saliva, no suco gástrico, no leite materno, no músculo esquelético e no líquido amniótico", detalha.
Para os fumantes passivos também há um sério risco à saúde, especialmente para o câncer de pulmão, devido à inalação da fumaça alheia, além de infarto e doenças respiratórias. Os efeitos prejudiciais do cigarro são tão severos, que persistem mesmo após parar de fumar; e entre os pacientes em tratamento, que continuam dependentes do tabaco, há risco aumentado de complicações.
Rastreamento precoce - Em relação ao câncer de pulmão, estudo divulgado esta semana pela Fundação do Câncer aponta que o tabagismo é responsável por 80% das mortes no Brasil. Caso o atual padrão de consumo de tabaco continue, a incidência desse tipo de câncer deve crescer 65% e a mortalidade 74% até 2040.
“Esses números reforçam a importância do rastreamento precoce na detecção e tratamento eficaz do câncer de pulmão”, afirma Paula.
A American Cancer Society recomenda o rastreamento anual por tomografia computadorizada para pessoas entre 50 e 80 anos que fumam ou fumaram nos últimos 15 anos, com um histórico de pelo menos 20 maços/ano.
“É uma ferramenta vital para aumentarmos significativamente as chances de detecção precoce e, consequentemente, chegar a um tratamento bem-sucedido e com chances de cura”, reforça a radioterapeuta.
Cigarro eletrônico, novo desafio - O Brasil é exemplo em políticas públicas de combate ao cigarro. Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição realizada em 1989 pelo Programa de Controle do Tabagismo, por exemplo, apontou uma prevalência de 32,4% de fumantes no País. Mais de 30 anos depois, dados recentes revelam redução para 12,8% a prevalência de fumantes no País
“Temos uma política antitabagista robusta, construída ao longo das décadas que surtiu efeito, contudo, agora precisamos intensificar o alerta para os cigarros eletrônicos, que é um novo desafio”, diz Paula.
Mesmo tendo a fabricação, importação, comercialização, distribuição e propaganda de dispositivos eletrônicos proibida pela Anvisa, a ilegalidade atrai principalmente jovens, o que acende a luz vermelha. “É impossível achar que um produto que contém químicos não provocará mal algum”, alerta a doutora.
Escolha a saúde - Apesar dos esforços públicos em incentivar o abandono do tabaco, é uma decisão pessoal viver longe dele. Deixar de fumar é também um ato de amor com aqueles com quem se convive. “O tabagismo é a causa de morte mais evitável. É 100% evitável, mas requer uma escolha”, diz a médica.
Para quem opta pela saúde, existe apoio. O SUS oferece tratamentos gratuitos que incluem terapia medicamentosa e emocional. Em Cascavel, diversos programas de incentivo estão disponíveis nas unidades básicas de saúde, facilitando o processo de cessação tabágica.
“Com os recursos e o apoio certos, é possível deixar o hábito do cigarro e garantir uma vida mais saudável”, finaliza Paula Soares.
Via: Assessoria CEONC Hospital do Câncer - Foto: Divulgação
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