Paraná

Pesquisas apontam como clima e queimadas afetam a biodiversidade no Paraná

O Napi Emergência Climática ganha ainda mais relevância ao reunir pesquisadores de...

13 set 24 - 09h30 Redação SOT
Pesquisas apontam como clima e queimadas afetam a biodiversidade no Paraná

Coordenados pela Fundação Araucária, instituição vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (Napis) são uma iniciativa para gerar soluções para os desafios da atualidade. O Napi Emergência Climática ganha ainda mais relevância ao reunir pesquisadores de nove universidades, que avaliam a maneira como as mudanças no clima alteram a frequência e a intensidade de queimadas em diferentes regiões, assim como o efeito das crises climáticas na biodiversidade.

O articulador do Napi Emergências Climáticas, professor Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que, frequentemente associadas à atividade produtiva da agricultura, as queimadas no Paraná não são um fenômeno novo, mas a frequência e intensidade aumentaram consideravelmente.

Geralmente, os produtores utilizam o fogo para limpar os terrenos e preparar a terra para novas culturas, uma técnica conhecida como queima controlada. Muitas vezes preferida pelos agricultores em razão do custo reduzido, essa prática causa impactos ambientais, o que tem gerado um sinal de alerta entre os ambientalistas e especialistas em mudanças climáticas.

De acordo com ele, as queimadas ocorrem principalmente no inverno, entre abril e outubro, com mais intensidade entre julho e setembro devido à baixa umidade. Ele pontua que as mudanças climáticas têm agravado a situação, resultando em um inverno mais quente e seco.

“Estamos vendo um aumento das queimadas, que agora liberam grandes quantidades de gases e fumaça, intensificando a emergência climática”, afirma o docente. “As condições atuais estão provocando sérios danos ambientais e afetando diversas regiões do Brasil e países vizinhos”, destacou.

CENÁRIOS – A equipe de pesquisadores do Napi Emergência Climática concluiu a fase de diagnóstico dos efeitos das mudanças climáticas no Paraná e projetou cenários com base em diferentes níveis de emissão de gases de efeito estufa. Os resultados indicam que o Estado tende a enfrentar um aumento significativo nas temperaturas máximas, com chuvas mais intensas e secas mais severas.

Para a geógrafa Leila Limberger, professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), a seca que afeta a região Central do Brasil está relacionada a um aquecimento incomum da superfície do Oceano Atlântico, ao Norte da linha do Equador.

“Desde 2020, o oceano tem registrado temperaturas acima da média, acumulando um calor que afeta a atmosfera e os padrões de circulação de massas de ar, o que reduz a umidade e contribui para a intensificação de queimadas, que, embora naturais, são agravadas por ações humanas”, explica Leila.

Os especialistas recomendam práticas agrícolas sustentáveis para mitigar os impactos das queimadas, como a técnica do plantio direto, que preserva a estrutura do terreno sem a necessidade de preparo do solo. Já o uso de biomassa é uma alternativa que utiliza resíduos vegetais para a compostagem em vez de o produtor recorrer ao fogo para a limpeza das áreas agrícolas. E a agricultura de precisão otimiza os recursos com tecnologias avançadas.

RECUPERAÇÃO – Segundo o professor José Marcelo Domingues Torezan, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a intensidade do fogo influencia a velocidade da recuperação das áreas queimadas.

“Condições atmosféricas extremas, como temperaturas acima de 30 graus Celsius, umidade abaixo de 30% e ventos fortes, são fatores críticos que podem provocar incêndios catastróficos, sendo necessária uma vigilância intensa e a restrição de práticas como queimadas de limpeza em períodos críticos”, explica o docente. “Florestas queimadas podem se recuperar naturalmente, desde que o incêndio seja controlado”.

No Paraná, áreas de vegetação nativa, como a Mata Atlântica, são particularmente vulneráveis, e o fogo pode dificultar a migração e a reprodução de animais, aumentando o risco de extinção de espécies.

Os pesquisadores paranaenses destacam que a recuperação de áreas queimadas depende da intensidade do fogo e da presença de vegetação remanescente e o processo de restauração pode ser lento e exigir um monitoramento contínuo e intervenções, como o controle de espécies invasoras e plantio de mudas nativas.

FORÇA-TAREFA - O Estado passa por uma semana crítica para o alto risco de incêndios ambientais. De acordo com o Simepar, até o dia 15 de setembro, o Paraná deve registrar baixos níveis de umidade do ar e altas temperaturas, acima da média para o período. Com este cenário, o risco de queimadas aumenta consideravelmente.

Por isso, no início do mês, foi decretado estado de emergência por estiagem em todo o Estado. Entre algumas medidas para enfrentar a situação estão o aporte de R$ 24 milhões para ações de combate a incêndios florestais no Paraná. A força-tarefa prevê a contratação de aeronaves especializadas para combate às chamas, formação de brigadistas, compra de equipamentos (abafadores, mochilas costal e sopradores, por exemplo) e contratação de caminhões-pipa para auxiliar no combate a incêndios.

Além disso, o Instituto Água e Terra (IAT) suspendeu, pelo período de 90 dias, qualquer queima controlada para atividades agrossilvopastoris no Paraná, incluindo o método usado para a despalha de cana-de-açúcar.

O Governo do Paraná também liberou um fundo de R$ 5 milhões para atender municípios em situação de emergência por causa da estiagem.

Via: Agência de Noticias do Paraná - Foto: Divulgação


Envie sugestões de Pautas, Fotos, Videos, ou Participe do grupo no WhatsApp ou do nosso Canal no Telegram receba as principais notícias do oeste do Paraná em primeira mão! 

CANAL NO WHATSAPP  -  CANAL DO TELEGRAM - GOOGLE NEWS 



Leia Também:
Publicar um comentário:
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.