O ano mal começou e as famílias já se preparam para a volta às aulas, com a compra de mochilas, materiais e uniformes. No meio dessa rotina agitada, a saúde ocular dos pequenos muitas vezes fica em segundo plano, mas ela é essencial para o aprendizado e o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. Ficar atento aos sinais demonstrados pelos filhos, especialmente nas primeiras semanas de aula, é fundamental para antecipar diagnósticos e evitar problemas mais graves no futuro.
De acordo com a médica oftalmologista Nicole Rommel, embora uma consulta oftalmológica não seja obrigatória antes do início das aulas, os pais devem redobrar a atenção mesmo nas férias ou logo nos primeiros meses do ano letivo. Isso porque, com atenção aos hábitos, alguns sinais de que algo pode estar errado podem ser identificados em casa mesmo, como o esforço excessivo para enxergar. Por exemplo, quando a criança aperta os olhos com força ou aproxima demais o rosto de livros, cadernos, telas ou da televisão devem ser avaliados. Esses comportamentos indicam que algo pode estar prejudicando a visão. Além disso, posturas inadequadas também podem sinalizar dificuldades oculares, como se inclinar demais para frente ou virar a cabeça de lado para tentar enxergar melhor. O gesto de piscar excessivamente ou esfregar os olhos pode ser confundido com alergias ou simples cansaço, mas também pode estar relacionado a dificuldades visuais.
Outro fator que merece atenção é a mudança de comportamento, segundo Nicole.
“Embora muitos comportamentos de hiperatividade ou dificuldades de concentração sejam associados a diagnósticos como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) ou transtorno do espectro autista, é importante lembrar que dificuldades visuais também podem ser a causa de comportamentos semelhantes. Por isso, uma avaliação multiprofissional é fundamental”, reforça.
A doutora Nicole lembra que crianças com problemas de visão podem se sentir frustradas e, por isso, apresentar irritabilidade ou até recusar atividades escolares, como copiar do quadro. A dica é que os pais ou responsáveis observem de perto essas mudanças para evitar diagnósticos equivocados e encontrar o tratamento adequado desde o início.
Outras alterações visuais também podem ser notadas com atenção à rotina e observação atenta da criança. Mais evidente está o estrabismo (desvio ocular) que, identificado precocemente, recebe correção adequada. Outras, não tão evidentes, precisam de avaliação profissional, como a dificuldade para distinguir cores (daltonismo) ou problemas de percepção de profundidade (ausência de estereopsia).
“Esses sinais exigem avaliação imediata por um oftalmologista pediátrico, uma vez que, se não tratados, podem impactar negativamente o desenvolvimento da criança e seu desempenho escolar e profissional futuro”, orienta.
E quanto ao olho preguiçoso?
Já a ambliopia, mais conhecida como "olho preguiçoso", é um problema comum mas que muitas vezes passa despercebido em casa ou na escola. Como esse distúrbio pode não apresentar sinais evidentes no dia a dia, o diagnóstico precoce é fundamental no consultório.
“A falta de percepção visual no olho afetado é compensada pelo olho saudável e somente um oftalmologista pode detectar essa condição em uma consulta”, explica a doutora Nicole.
Ela ainda lembra que, se não tratada adequadamente, a ambliopia pode comprometer a visão da criança permanentemente, por isso, manter uma rotina anual de consultas oftalmológicas é essencial para prevenir complicações desde os primeiros dias de vida até a idade adulta.
Ainda segundo a especialista, também problemas visuais congênitos como catarata e retinopatia da prematuridade, podem se manifestar já na infância e precisam de acompanhamento contínuo. Além disso, condições mais comuns, como miopia, astigmatismo e até mesmo miopia acentuada provocada pelo uso excessivo de telas têm se tornado cada vez mais prevalentes entre as crianças.
Cuidados começam na maternidade
O cuidado com a saúde ocular dos pequenos começa muito antes da escola. Na maternidade, o teste do olhinho é fundamental para detectar alterações congênitas graves, como catarata congênita e tumor de retina. Embora esse exame seja indispensável, ele não substitui o acompanhamento oftalmológico contínuo ao longo da infância.
“O ideal é realizar a primeira consulta com um oftalmologista pediátrico entre os seis meses e um ano de idade e, depois, manter uma rotina de exames anuais”, orienta a especialista.
Esse acompanhamento precoce é essencial para avaliar o desenvolvimento visual da criança, com exames como o mapeamento de retina. Mesmo bebês que nascem sem complicações aparentes devem ser observados de perto.
Consulta é infantil, mas completa!
Quando se trata de cuidar da visão das crianças, a consulta oftalmológica vai muito além do simples "teste do olhinho", que é apenas uma triagem inicial no nascimento. No consultório, o exame é adaptado para a idade e necessidades da criança, permitindo uma avaliação minuciosa e eficaz.
Nicole explica que, entre os procedimentos realizados, estão a avaliação da visão com figuras ou símbolos, ideais para os pequenos, além dos exames de refração para detectar problemas como miopia ou astigmatismo.
“Também são feitos testes para observar os movimentos dos músculos oculares, fundamentais para identificar alterações como o estrabismo”, detalha.
Um dos passos mais importantes durante a consulta é a dilatação da pupila, que, embora desconfortável, é indispensável para examinar o fundo do olho. Esse procedimento permite observar a retina, o nervo óptico e outras estruturas internas do olho, revelando problemas que podem não ser visíveis de outra forma. Outro aspecto essencial da consulta é a análise da visão binocular, que verifica se a criança consegue unir as imagens dos dois olhos, garantindo a percepção de profundidade.
“Todas essas etapas são fundamentais para um diagnóstico preciso e para o tratamento de problemas oculares, evitando que eles interfiram no desenvolvimento da criança e em seu desempenho escolar”, finaliza a especialista.
Via: Assessoria Dra. Nicole Rommel - Foto: Divulgação
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