R$ 17 milhões de abrigos de ônibus: A saga da mobilidade urbana em Cascavel
Após 16 prorrogações e contrato milionário rescindido, Cascavel ainda busca soluções para abrigos de ônibus. ...
Em novembro do ano passado, a Prefeitura de Cascavel tomou uma decisão drástica: rescindir o contrato para a instalação de abrigos de ônibus. A medida, anunciada após 16 prorrogações concedidas à empresa contratada, expôs um problema crônico na gestão da mobilidade urbana da cidade.
Segundo o secretário municipal de serviços e obras públicas, Sandro Rocha Rancy, a construtora chegou a executar 689 abrigos, mas dez deles foram danificados em acidentes de trânsito. Aparentemente, identificar e responsabilizar os culpados não é uma tarefa fácil.
Apesar do esforço da empresa, 121 abrigos ficaram pendentes, evidenciando a incapacidade de cumprir o planejamento inicial. O secretário Rancy revelou que o prefeito Renato Silva estuda a possibilidade de buscar mais recursos com a Caixa Econômica Federal para "continuar a modernização dos pontos e ainda fazer entre 500 e 600 novos abrigos que estão faltando em Cascavel".
As contas do secretário revelam que a área urbana da cidade demanda um total de 1400 abrigos de ônibus. Ou seja, mesmo com os 689 construídos pela empresa anterior, a cidade ainda enfrenta um déficit de mais de 700 estruturas.
O contrato anterior, que previa um investimento de cerca de R$ 13 milhões, já havia saltado para a casa dos R$ 17 milhões quando foi rescindido. A obra, que seria financiada pela Caixa Econômica Federal com recursos do FGTS e contrapartida de 5% do município, previa a instalação completa dos abrigos, incluindo construção da base, calçada e rampas de acesso.
Os valores dos abrigos de ônibus variam entre R$ 17 mil e R$ 22 mil, dependendo da complexidade da intervenção necessária na calçada, incluindo rampas de acesso e base. O secretário explicou que, em novos loteamentos, a responsabilidade pela instalação dos pontos de ônibus nos padrões municipais é do empreendedor responsável.
Um dos pontos positivos dos modelos mais modernos é que eles foram projetados para serem parafusados, permitindo a transferência conforme mudanças nas linhas de ônibus ou nas vias. Uma medida inteligente, sem dúvida, mas que não resolve o problema da falta de abrigos.
Em relação aos pontos onde há apenas uma placa de sinalização, o secretário informou que deverão ser substituídos por abrigos completos, com cobertura. Uma promessa que os usuários esperam ver concretizada em breve.
"O setor de transporte público não se recuperou desde a pandemia e o município está incentivando o uso do mesmo, através de novos ônibus elétricos, bons pontos de ônibus para tentar diminuir o número de carros no trânsito e melhorar a mobilidade urbana", finalizou o secretário.
A fala do secretário é otimista, mas a realidade dos usuários é outra. Enquanto a prefeitura busca recursos e planeja futuras instalações, a população sofre com a falta de abrigos adequados.
Em setembro, o Portal SOT noticiou a indignação de moradores do bairro Periolo, em Cascavel, com o abandono de quatro abrigos de ônibus na Rua Ipanema. As estruturas, construídas há mais de um ano a um custo de aproximadamente R$ 14 mil cada (R$ 56 mil no total), permanecem inutilizadas.
A mudança no sentido da Rua Ipanema, que passou a ser mão única em dezembro de 2022, é apontada como um dos motivos para o descaso com os novos abrigos. A população reclama da falta de planejamento do município, pois eles tiveram que improvisar bancos de madeira para aguardarem os coletivos, sem contar o frio e a chuva em certos dias.
A comunidade demonstra indignação com o desperdício de recursos públicos e cobra providências do poder público para solucionar o problema. A falta de utilização dos abrigos, que poderiam oferecer mais conforto e segurança aos usuários do transporte público, evidencia a necessidade de um planejamento mais eficiente na gestão dos recursos públicos destinados à mobilidade urbana.
Diante desse cenário, fica evidente que a saga dos abrigos de ônibus em Cascavel está longe de terminar. A população clama por soluções urgentes e eficientes, enquanto a prefeitura busca alternativas para sanar um problema que se arrasta há anos.
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