Praça de pedágio entre Cascavel e Toledo integra novo lote de concessão, autorizado pelo TCU
O Lote 5, trecho que 430,7 km, que abrange rodovias como as BRs 158, 163, 369, 467 e da PR-317, passa pelas rodovias do Oeste.
A partir de 2026, o cascavelense poderá trafegar pelas rodovias federais apenas até Corbélia e Santa Tereza do Oeste sem pagar pedágio. Isso porque, com o novo lote da concessão autorizado nessa semana pelo TCU (Tribunal de Contas da União), Cascavel ficará “sitiada” por praças de pedágio em todas suas rodovias federais.
Quem quiser ir para Lindoeste terá uma praça na BR-163; Quem for a Catanduvas já tem uma praça na BR-277, assim como quem quiser ir para Céu Azul, que também tem uma praça. Se passar de Corbélia e ir para Ubiratã, pela BR-369, também terá que pagar pedágio. E com o novo lote autorizado, quem quiser ir para Toledo, a 40 quilômetros de Cascavel, também terá que pagar pedágio, já que será instalada uma praça na BR-467, em Sede Alvorada.
Nesa semana, o Tribunal de Contas da União aprovou os editais dos lotes 4 e 5 do Programa de Concessões Rodoviárias do Paraná, os dois últimos trechos do novo programa de concessão. Juntos, os dois trechos somam 1.058 km e R$ 29,8 bilhões em investimentos entre obras e custos operacionais, contemplando federal e estadual. O relator, ministro Walton Alencar Rodrigues, aprovou os editais com ressalvas ao Modelo Econômico-Financeiro do lote 4, que agora serão incorporadas pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) antes da publicação oficial dos documentos.
Cascavel–Toledo ganha oficialmente pedágio
O Lote 5, trecho que 430,7 km, que abrange rodovias como as BRs 158, 163, 369, 467 e da PR-317, passa pelas rodovias do Oeste. Nele está incluída a tão controversa praça de pedágio entre Cascavel e Toledo, na BR-467. Além disso, também está prevista a instalação de uma praça de pedágio na BR-163, entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra. Ou seja, o trecho que já é duplicado ganhará duas praças de pedágio.
O pacote prevê, ao todo, R$ 11,6 bilhões em investimentos — sendo R$ 6,5 bilhões destinados à execução de 238 km de duplicações, 20 km de vias marginais e 3,7 km de contornos, além de passarelas, faixas adicionais e dispositivos de segurança viária. O contrato de concessão terá vigência de 30 anos, contados a partir da assinatura do Termo de Assunção.
O prefeito de Toledo, Mario Costenaro, disse que o município tem buscado informações sobre quais condições serão estabelecidas nesse lote. “Nós temos buscado as informações sobre quais as condições estabelecidas nesse lote que será implantado. Temos alguns questionamentos sobre as obras que serão feitas principalmente no nosso território, no município de Toledo. E estamos tentando alguma articulação para que a gente avance nesse sentido”, afirmou.
Já o presidente da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) e prefeito de Maripá, Rodrigo Schanoski, reconhece que uma nova praça entre Cascavel e Toledo poderá trazer prejuízos econômicos. “É algo que nos traz prejuízo econômico, com toda certeza. O pedágio tem a garantia de uma boa via para que aconteça a escoação, principalmente da nossa produção, que é tão importante para a nossa região, a agroindustrialização, que é muito forte aqui. Mas a gente sabe que traz também prejuízos ao cidadão comum, ao usuário da rodovia, o custo. Mas cabe a nós, nesse momento, apenas fazer esse trabalho de vigiar aquilo que cabe a nós quanto às concessões.”
O presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) Alci Rotta Junior, destaca que, apesar dos esforços do setor empresarial, o lote foi aprovado com as duas novas praças. “Infelizmente é uma realidade, vai existir a cobrança de pedágio entre duas cidades muito importantes que tem uma ligação muito estreita em muitos segmentos da economia, como educação, saúde, o próprio comércio e com certeza isso trará impactos para o consumidor final.”
No entanto, argumenta que agora o objetivo é tentar uma cobrança mais justa e no sistema free flow, sem barreira física. “Não é surpresa a manutenção dessa praça. O que a gente está tentando articular é que nesse trecho seja a cobrança free flow e sensores e não pelo modelo tradicional, que é a barreira física. Se conseguir o free flow, traria mais justiça para o usuário.”
Impacto no Oeste
O grande esforço político da região acabou não tendo força para a retirada da polêmica praça de pedágio da BR-467, entre Cascavel e Toledo, do novo plano de concessões das rodovias do Paraná. Agora que é praticamente certa a construção dessa praça, especialistas já fazem todos os tipos de cálculos para entender como ela impactará na economia da região.
A análise técnica pode ser complexa, porém, o resultado é de fácil compreensão. Em termos gerais, ela terá a menor tarifa, no entanto, considerando os 40 km entre as duas cidades ligadas pela BR-467, ela poderá ter uma das maiores tarifas. Durante a audiência pública da concessão, a ANTT já chegou a informar que somente essa praça entre Cascavel e Toledo iria gerar sozinha 31% do valor total do lote.
Leilão
Com o aval do TCU, caberá agora à ANTT incorporar as recomendações do tribunal e publicar os editais — etapa esperada já nas próximas semanas. Em seguida, será marcado o leilão na B3, estimado para o terceiro trimestre de 2025. Caso ocorra conforme previsto, a assinatura dos contratos ocorrerá até o último trimestre, fechando o ciclo de concessões de 3,3 mil km e inaugurando uma nova era de investimentos rodoviários no Paraná.