Preta Gil morre aos 50 anos após luta corajosa contra o câncer
Cantora, empresária e símbolo de resistência, Preta Gil morreu neste domingo (20) nos Estados Unidos, após complicações causadas por um câncer no reto.
Após uma longa e intensa batalha contra o câncer, Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, nos Estados Unidos. Diagnosticada com adenocarcinoma no reto no início de 2023, a cantora passou por um tratamento complexo e chegou a anunciar a remissão da doença. No entanto, em agosto de 2024, exames de rotina identificaram o retorno do câncer em quatro áreas diferentes do corpo, exigindo a retomada da quimioterapia.
Preta teve uma piora no quadro de saúde na última quarta-feira (16) e não resistiu às complicações da doença. Ela estava nos Estados Unidos para tratamento e chegou a passar por uma cirurgia delicada de cerca de 21 horas em dezembro do ano passado, em uma tentativa de conter a progressão dos tumores. Recentemente, revelou que passou a usar uma bolsa de colostomia de forma definitiva, enfrentando os desafios da recuperação com coragem e gratidão.
Nascida em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro, Preta Maria Gadelha Gil Moreira era filha do cantor Gilberto Gil e de Sandra Gadelha. Sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa, cresceu cercada de arte e ativismo. Estreou na música nos anos 2000 e se destacou pela versatilidade, misturando MPB, pop, axé e funk.
Além da música, Preta também foi apresentadora de televisão, empresária e influenciadora digital. Comandou por muitos anos o "Bloco da Preta", um dos maiores blocos de Carnaval do Rio de Janeiro, e usou sua visibilidade para defender pautas como o empoderamento feminino, a diversidade e o combate ao racismo, à homofobia e à gordofobia.
Mulher preta, bissexual e fora dos padrões estéticos impostos pela sociedade, Preta Gil sempre enfrentou o preconceito de frente. Sua trajetória pública foi marcada pelo ativismo, pela defesa da liberdade de ser e pelo acolhimento às minorias.
Em maio deste ano, fez uma das últimas aparições públicas ao lado do pai, Gilberto Gil, em um show em São Paulo. Juntos cantaram “Drão” e emocionaram o público com um momento de forte carga simbólica e afetiva.
Preta Gil deixa um legado cultural e social relevante, um filho — o músico Francisco Gil, integrante do grupo Gilsons — e uma multidão de fãs que a admiravam pela voz potente e pela coragem com que viveu e lutou. Amigos próximos e familiares, incluindo seu filho e a atriz Carolina Dieckmann, estão nos Estados Unidos, onde acompanharam os últimos dias da artista.
A morte de Preta Gil reacende também o debate sobre a recidiva do câncer. Mesmo quando há remissão, pequenas células tumorais podem permanecer no organismo sem serem detectadas nos exames de imagem, retornando meses ou anos depois. A literatura médica chama esse processo de recidiva e destaca a importância do acompanhamento contínuo.
O Brasil se despede de uma artista completa e de uma mulher que fez da vida um ato de resistência, amor e liberdade.