24 de agosto de 2025

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Com obra feita com mais de 10 mil filtros usados de café, artistas de Cascavel conquistam o prêmio de melhor escultura na Bienal Romana

Além do aspecto estético, o conceito da obra se fortalece pela carga emocional presente em cada filtro doado pela comunidade.

Com obra feita com mais de 10 mil filtros usados de café, artistas de Cascavel conquistam o prêmio de melhor escultura na Bienal Romana
© Divulgação

O coletivo de arte Duas Marias conquistou o prêmio de Melhor Escultura na Bienal Internacional de Arte da Riviera Romana com a obra “Gaia”. Formado pelas artistas plásticas cascavelenses Malu Rebelato e Nani Nogara, o grupo estreou em 2014 com a exposição “Se Fosse Você”, no Museu de Arte de Cascavel, e agora alcança reconhecimento internacional.

A escultura premiada é composta por mais de 10 mil filtros usados. Segundo as artistas, a escolha do material carrega um forte simbolismo. “Gaia é a deusa Terra, nosso planeta, que nos criou e nos dá condições de vida. Representá-la com filtros de café tem um significado profundo: o café nasce da terra; a cor remete ao solo; e a textura do filtro, com seus poros, lembra a pele”, explica Nani Nogara.

Além do aspecto estético, o conceito da obra se fortalece pela carga emocional presente em cada filtro doado pela comunidade. “Cada filtro traz a história do momento em que aquele café foi feito e tomado: em família, com amigos, com pressa, com alegria, com emoção, com tristeza, para celebrar, para esquecer, para relaxar, para acalmar. Esses filtros carregam a força, a vontade e a resiliência das mulheres da nossa cidade, que representam todas as mulheres do mundo”, acrescenta Malu Rebelato.

A participação do coletivo na Bienal foi viabilizada pela indicação da curadora Ana Carolina Villanueva, diretora e curadora da Luka Art Gallery, em Sintra (Portugal), que vem conduzindo a trajetória internacional da obra. “Logo que conheci Gaia, ainda por fotos, tive um alto impacto em função de suas dimensões e de sua perspectiva conceitual em torno das mulheres e do café. Ao recebê-la na Luka Art Gallery, instalada no Palácio Biester, em Sintra, percebi sua grandiosidade: uma construção técnica impecável, com mais de 10 mil filtros de café costurados em um trabalho ambicioso e profundamente simbólico”, relata Villanueva.

A obra estreou internacionalmente em setembro de 2024, na Luka Art Gallery, e seguiu para Madrid, onde foi indicada por Villanueva ao Prêmio Reina Sofía de Pintura e Escultura, um dos mais importantes do mundo das belas artes. Entre quase 500 participantes, apenas 66 foram selecionados para a exposição, em sua maioria espanhóis, e Gaia tornou-se a primeira obra de artistas brasileiras a ser finalista da premiação. “Ali, diante da própria Rainha Sofía, não estará apenas mais uma escultura presente ao longo dos 60 anos do concurso, mas a representação da força e resiliência feminina, costurada pelas mãos dessas duas artistas de indescritível genialidade”, destaca a curadora.

Agora, Gaia conquista mais um marco ao vencer a Bienal Internacional de Arte da Riviera Romana, no Centro de Arte e Cultura de Ladispoli, onde segue em exposição até 30 de agosto.

/Luiz Felipe Max - Foto: Divulgação


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