11 de agosto de 2025

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Educação

Estudante com paralisia cerebral se forma em Serviço Social na Unioeste

A jornada até esse dia foi marcada por persistência, força, resiliência, apoio familiar e compromisso com o conhecimento...

Foto: Divulgação

Com o sorriso contagiante e o olhar firme, Jonatham Carlos Herkert, de 31 anos, viveu um dos momentos mais simbólicos de sua vida: a colação de grau no curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo. Diagnosticado com paralisia cerebral e osteoporose severa durante a graduação, Jonatham enfrentou desafios diários, mas nunca abriu mão do sonho de conquistar um diploma universitário.

A jornada até esse dia foi marcada por persistência, força, resiliência, apoio familiar e compromisso com o conhecimento, Jonatham chegou à Universidade com uma bagagem de coragem e vontade de transformar realidades, inclusive a sua. Com limitações na fala e locomoção, ele encontrou no ambiente acadêmico mais do que uma formação profissional: encontrou acolhimento, respeito e espaço para ser ouvido.

Desde pequeno, o sonho de Jonatham era cursar Direito, motivado pela vontade de defender pessoas com deficiência e combater o preconceito que ainda marca a sociedade. Mas foi ao conhecer o curso de Serviço Social, durante uma visita da Unioeste à escola onde estudava, que descobriu sua verdadeira vocação. Encantado com a proposta do curso e com o impacto social que poderia gerar, decidiu ingressar na Universidade em 2016, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Durante todos esses anos que ficou na Unioeste, contou com o apoio diário da mãe, companheira incansável em todas as etapas. “Foram muitos altos e baixos, mais baixos do que altos, mas o Jonatham nunca perdeu o sorriso no rosto. Mesmo com dor, com noites sem dormir, ele sempre dizia: ‘Mãe, eu vou mostrar que sou diferente’. E mostrou. Lutamos muito para garantir os direitos dele, e hoje ver essa conquista é como encerrar uma batalha de vários anos. A maior vitória é dele, por nunca ter desistido de sonhar, e ele ainda tem muitos sonhos pela frente”, menciona Sirlene Ferreira Herkert. 

“O Jonatham foi um estudante extremamente comprometido e dedicado, mesmo diante de todas as limitações impostas pela sua condição de saúde. Durante os nove anos de trajetória no curso, sempre demonstrou curiosidade intelectual, sede de conhecimento e uma impressionante capacidade de socializar saberes com os colegas. Ele nunca usou suas dificuldades como justificativa para não realizar uma atividade. Ao contrário, sempre nos surpreendeu com sua força de vontade. A experiência com o Jonatham também nos fez reaprender como docentes e reforçou a importância do trabalho em conjunto com o Programa de Educação Especial (PEE)”, comenta a coordenadora do curso de Serviço Social, professora Marize Rauber Engelbrecht. 

A história de Jonatham também revela o compromisso da Unioeste com a inclusão. O campus de Toledo, por meio do PEE, oferece suporte individualizado aos estudantes com alguma deficiência, garantindo condições adequadas de aprendizagem e convivência. A coordenadora do programa do campus de Toledo, destaca que, desde o primeiro dia na Universidade, o estudante contou com suporte contínuo em todas as etapas da formação, incluindo adaptações em sala de aula, atividades extracurriculares e até aulas de inglês. “Desde o ingresso na universidade, o Jonatham recebeu apoio em todas as suas atividades acadêmicas, dentro e fora da sala de aula. Ele participou de palestras, reuniões e até do PET Serviço Social. Nos últimos dois anos, com a piora no seu estado de saúde, organizamos o atendimento domiciliar pelo PEE, com aulas transmitidas ao vivo pelos professores. Foi um trabalho construído com muito diálogo, esforço coletivo e sensibilidade. Ele trouxe avanços importantes em acessibilidade e nos ensinou, com sua trajetória, o verdadeiro sentido da inclusão”, diz. 

A professora Doralice Conceição Pizzo Diniz, que esteve diretamente envolvida com o acompanhamento pedagógico de Jonatham durante os últimos anos de sua graduação, destaca a força e a dedicação do estudante ao longo de toda a sua trajetória acadêmica. “O Jonatham sempre foi um exemplo de superação diária. Mesmo com dores ou indisposição, nunca deixou de cumprir suas tarefas com empenho e vontade de aprender. Acompanhar seu desenvolvimento foi uma experiência profunda, tanto profissional quanto humana. Ele nos desafiava a encontrar novos caminhos pedagógicos todos os dias. Sua persistência nos ensinou que o foco deve estar sempre na possibilidade. E hoje, vê-lo se formando é uma conquista de todos nós”, diz. 

No palco improvisado em sua residência para a cerimônia de colação de grau, entre aplausos emocionados, Jonatham se tornou símbolo de resistência, coragem e da potência transformadora da educação pública. Seu nome agora se inscreve na história da Unioeste como um exemplo inspirador de que toda conquista é possível quando há vontade, apoio e oportunidade. 

O reitor da Unioeste, professor Alexandre Webber, ressalta a importância da formatura do estudante como símbolo do compromisso da Universidade com a inclusão e a equidade no ensino superior. “A formatura do Jonatham representa muito mais do que a conclusão de um curso, ela simboliza o esforço coletivo de uma universidade que acredita na inclusão. Através do trabalho incansável do PEE e do envolvimento de professores, colegas e familiares, ele chega hoje ao fim de uma jornada desafiadora e inspiradora. É um orgulho para o campus de Toledo e para toda a Unioeste, pois mostramos que não basta abrir as portas da universidade, é preciso garantir condições reais de permanência e sucesso. Hoje, celebramos essa conquista como um marco para todos nós”, afirma. 

“Vivemos um daqueles momentos que marcam para sempre a história da nossa Universidade. Jonatham concluiu sua jornada acadêmica e colou grau, em sua residência acompanhado de familiares e amigos com todos os direitos e honras que esse momento solene carrega. Fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance enquanto Instituição para que ele tivesse uma noite memorável — assim como seus colegas. Porque acreditamos que a dignidade, o respeito e a celebração da conquista devem ser garantidos a todos. E foi exatamente isso que vimos ontem: uma celebração da vida, da persistência, da solidariedade e do compromisso com a inclusão. Esse momento foi, acima de tudo, um aprendizado mútuo. Aprendemos com sua força e sua coragem, com sua família incansável e amorosa, e agradecemos a diretora do Centro, nossos agentes universitários, professores, coordenadores e toda a equipe do PEE, que atuaram com sensibilidade, cuidado e excelência”, conclui a diretora-geral da Unioeste, campus de Toledo, professora Patrícia Sala Battisti. 

Agora, com o diploma em mãos, o estudante já tem novos sonhos. A formação é apenas o começo. A vida dele, como diz Sirlene, sempre foi movida pelo desejo de aprender. E, acima de tudo, de transformar o mundo, com empatia, coragem e o mais desafiador dos recursos: a força de vontade.

Por: SOT/Unioeste/Alexsander Marques - Foto: Divulgação

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